quinta-feira, 23 de junho de 2011

Quinta, 23 de junho de 2011

De traição
- Viram teu marido entrando num motel.
A Lurdes abriu a boca e arregalou os olhos. Ficou assim, uma estátua de espanto, durante um minuto, um minuto e meio. Pediu detalhes.
- Quando? Onde? Com quem?
-  Ontem. No Discretíssimu's.
-  Com quem? Com quem?
- Isso eu não sei.
- Mas como? Era alta? Magra? Loira? Gostosa?
-  Não sei, Lu.
- Carlos Alberto me paga. Ah, me paga!
Quando o Carlos Alberto chegou em casa a Lurdes anunciou que iria deixá-lo e contou o motivo.
- Mas que história é essa, Lurdes? Você sabe quem era a mulher que estava comigo no motel? Você!
- Pois é. Maldita hora em que eu aceitei ir.
– Discretíssimu's! Toda a cidade ficou sabendo. Ainda bem que não me identificaram.
- Pois então?
– Pois então, que eu tenho que deixar você. Não vê? É o que todas as minhas amigas esperam que eu faça. Não sou mulher de ser enganada pelo marido e não reagir.
- Mas você não foi enganada. Quem estava comigo era você!
- Mas elas não sabem disso!
– Eu não acredito, Lurdes! Você vai desmanchar nosso casamento por isso?
- Vou!
Mais tarde, quando a Lurdes estava saindo de casa, com as malas, o Carlos Alberto a interceptou. Estava sombrio:
- Acabo de receber um telefonema. Era o Dico.
- O que ele queria?
- Fez mil rodeios, mas acabou me contando. Disse que, como meu amigo, tinha que contar.
- O quê?
- Você foi vista saindo do motel Discretíssimu's ontem, com um homem.
- O homem era você, canalha!
– Eu sei, mas não fui identificado.
- Você não disse que era você?
- Para que os meus amigos pensem que eu vou a motel com a minha própria mulher?
- E então?
- Desculpe, Lurdes, mas tem uma coisa.
- O quê?
- Vou ter que te dar uma surra.
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De arrependimento
Uma mulher acorda durante a noite e percebe que o marido não está na cama.
Veste o robe e desce para ver onde ele está.
Encontra-o na cozinha, sentado, pensativo, diante de uma xícara de café.
Triste, olhar fixo na xícara.
- O que aconteceu, querido?
O marido levanta os olhos e pergunta-lhe docemente:
-Você lembra, há 20 anos, quando saímos juntos pela primeira vez? Você tinha apenas 16 anos.
- Claro. Lembro como se fosse hoje.
O marido faz uma pausa. As palavras custam a sair.
- Você se lembra quando o seu pai nos surpreendeu enquanto fazíamos amor no banco de trás do fusca?
- Sim, lembro como se fosse hoje. Um susto!
O marido continua:
- Lembra quando ele apontou uma arma na minha cabeça e rosnou: Ou casa com a minha filha ou te mando pra cadeia por 20 anos?
- Lembro, lembro.
Ele limpa uma lágrima na bochecha:
- Hoje eu já estaria em liberdade!!

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